(Numa segunda feira qualquer, um homem está
dirigindo seu carro na Avenida Paulista, porém, está transito e há um carro devagar em sua frente. O homem
começa a se irritar com a lentidão do carro à frente, mas ele consegue
ultrapassar, buzina e diz):
“Tinha
que ser mulher! Se não sabe dirigir não vai pra rua!”
(Pensamento
de uma mulher que esta observando esta cena pela janela no ônibus) Ainda bem
que era mulher! Essa moça que estava a sua frente estava andando devagar para
não ultrapassar o limite de velocidade, diferente de certas pessoas que correm
um absurdo causando acidentes. A maioria dos homens nunca percebeu, mas...
Normalmente, nos noticiários, quando falam de algum acidente, este acidente
normalmente não é causado por uma mulher, e sim por algum homem em alta
velocidade. E depois, se você parar para pensar, os motoristas que andam
devagar, estão se preocupando com o bem estar das outras pessoas.
Fico
imaginando, o que este homem (que disse que se a mulher não sabe dirigir
não é pra ir pra rua) fizesse se ele
entrasse num ônibus em que o motorista é mulher. Será que ele não entraria no
ônibus? Ou então, entraria mas ficaria receoso?
(O
homem chega em seu trabalho. Quer tomar café, mas está cheio de trabalho a
fazer, por isso pede a um outro homem que esta perto da cafeteira, porém o
homem diz):
“Por
que você não pede pra Ela? Eu não sei fazer café, isso é coisa que mulher sabe
fazer. Então pede pra alguma mulher ai.
Uma
mulher que está ouvindo isto, se levanta e começa a falar:
Calma,
não acredito que ouvi isto. Como assim isso é coisa de mulher?! Essas cinco
palavras são as piores, não existe coisa de mulher nem coisa de homem, se você
não sabe fazer um café, que aprenda, mas só pra lembrar, o café é na cafeteira,
é só colocar um copo e apertar um botão, então, apertar um botão é coisa de
mulher?
Ela
não se aguentou, falou o que tinha para falar.
Em
algum lugar do mundo, está acontecendo uma partida de futebol. Em algum lugar
do estádio, há uma mulher gritando, pulando, balançando o cartaz, enfim
torcendo. Há também dois homens (ao lado desta mulher), porém, eles não estão
torcendo, mas sim discutindo, discutindo se o lance anterior teria sido uma
falta ou não.
Depois
de um tempo, os homens param de discutir e sentam. A mulher continua torcendo.
O grito da mulher incomoda os homens que estão ao seu lado. Um deles se levanta
e grita:
“Cala
a boca! Você, mulher, não sabe nada de futebol, mas consegue fingir, gritando,
então senta ai e para!”
“Eu
estou gritando, as pessoas ao seu redor estão gritando, o estádio está
gritando, sabendo ou não de todas as regras. Pouco me importa se foi ou não uma
falta, o importante é ver meu time ganhar, torcer. E se você pensa que sua fala
vai me deixar reprimida, saiba que não, eu continuarei gritando, pulando,
torcendo!”.
(Enquanto
falava, um homem escutou a conversa entre eles e disse):
“
Eu sou homem, não sei de todas as regras nem sei jogar futebol, mas estou aqui,
fazendo o que sei fazer, gritar, pular, torcer. Então vê se para de ser
machista e torça pelo seu time, ou então, se você quiser, volte a discutir com
seu amigo.”
(As
falam das duas pessoas deixaram o homem quieto, que acabou indo embora do
estádio).
“A
vida de mulher é tão mais difícil”. Não, não é difícil, mas parece ser, por
causa de serem oprimidas e obrigadas a fazerem tudo o que os homens querem. A
vida das mulheres é cheia de medo, de estupro, assalto, sequestro. A maioria
dos homens não sentem este medo, ou então não demonstram este medo.
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