segunda-feira, 8 de junho de 2015

Será que é uma vida mais difícil?

      (Numa segunda feira qualquer, um homem está dirigindo seu carro na Avenida Paulista, porém, está transito  e há um carro devagar em sua frente. O homem começa a se irritar com a lentidão do carro à frente, mas ele consegue ultrapassar, buzina e diz):
         “Tinha que ser mulher! Se não sabe dirigir não vai pra rua!”
         (Pensamento de uma mulher que esta observando esta cena pela janela no ônibus) Ainda bem que era mulher! Essa moça que estava a sua frente estava andando devagar para não ultrapassar o limite de velocidade, diferente de certas pessoas que correm um absurdo causando acidentes. A maioria dos homens nunca percebeu, mas... Normalmente, nos noticiários, quando falam de algum acidente, este acidente normalmente não é causado por uma mulher, e sim por algum homem em alta velocidade. E depois, se você parar para pensar, os motoristas que andam devagar, estão se preocupando com o bem estar das outras pessoas.
         Fico imaginando, o que este homem (que disse que se a mulher não sabe dirigir não  é pra ir pra rua) fizesse se ele entrasse num ônibus em que o motorista é mulher. Será que ele não entraria no ônibus? Ou então, entraria mas ficaria receoso?

         (O homem chega em seu trabalho. Quer tomar café, mas está cheio de trabalho a fazer, por isso pede a um outro homem que esta perto da cafeteira, porém o homem diz):
         “Por que você não pede pra Ela? Eu não sei fazer café, isso é coisa que mulher sabe fazer. Então pede pra alguma mulher ai.
         Uma mulher que está ouvindo isto, se levanta e começa a falar:   
         Calma, não acredito que ouvi isto. Como assim isso é coisa de mulher?! Essas cinco palavras são as piores, não existe coisa de mulher nem coisa de homem, se você não sabe fazer um café, que aprenda, mas só pra lembrar, o café é na cafeteira, é só colocar um copo e apertar um botão, então, apertar um botão é coisa de mulher?
         Ela não se aguentou, falou o que tinha para falar.
        
         Em algum lugar do mundo, está acontecendo uma partida de futebol. Em algum lugar do estádio, há uma mulher gritando, pulando, balançando o cartaz, enfim torcendo. Há também dois homens (ao lado desta mulher), porém, eles não estão torcendo, mas sim discutindo, discutindo se o lance anterior teria sido uma falta ou não.
         Depois de um tempo, os homens param de discutir e sentam. A mulher continua torcendo. O grito da mulher incomoda os homens que estão ao seu lado. Um deles se levanta e grita:
         “Cala a boca! Você, mulher, não sabe nada de futebol, mas consegue fingir, gritando, então senta ai e para!”
         “Eu estou gritando, as pessoas ao seu redor estão gritando, o estádio está gritando, sabendo ou não de todas as regras. Pouco me importa se foi ou não uma falta, o importante é ver meu time ganhar, torcer. E se você pensa que sua fala vai me deixar reprimida, saiba que não, eu continuarei gritando, pulando, torcendo!”.
         (Enquanto falava, um homem escutou a conversa entre eles e disse):
         “ Eu sou homem, não sei de todas as regras nem sei jogar futebol, mas estou aqui, fazendo o que sei fazer, gritar, pular, torcer. Então vê se para de ser machista e torça pelo seu time, ou então, se você quiser, volte a discutir com seu amigo.”
         (As falam das duas pessoas deixaram o homem quieto, que acabou indo embora do estádio).
         “A vida de mulher é tão mais difícil”. Não, não é difícil, mas parece ser, por causa de serem oprimidas e obrigadas a fazerem tudo o que os homens querem. A vida das mulheres é cheia de medo, de estupro, assalto, sequestro. A maioria dos homens não sentem este medo, ou então não demonstram este medo.
          
        


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